
Análise da Montax Inteligência acerca das Operações Psicológicas do governo dos EUA a “preparar o terreno” para ações no Brasil contra Lula e Alexandre de Moraes em favor das Big Techs.
Resumo
As Operações Psicológicas (PSYOPs), também chamadas de propaganda ou operações psico-informativas, são um componente fundamental das atividades de inteligência e do soft power, influenciando percepções, manipulando narrativas e moldando a opinião pública para favorecer determinados interesses políticos, econômicos e geopolíticos.
Este artigo da Montax Inteligência analisa o impacto das PSYOPs na política global, utilizando como exemplos a suposta investigação encomendada por Donald Trump sobre os principais Atores (pessoas e organizações) do Brasil para favorecer Elon Musk e a polarização da opinião pública brasileira em relação a Jair Bolsonaro, Luiz Inácio “Lula” da Silva e Alexandre de Moraes.
A análise demonstra como essas operações midiáticas podem não apenas derrubar governos, mas também influenciar decisões judiciais, consolidando o controle narrativo sobre instituições democráticas.
1. Introdução
A política moderna está cada vez mais pautada por narrativas que influenciam o comportamento coletivo e a percepção social sobre lideranças, instituições e ideologias. Neste contexto, as Operações Psicológicas (PSYOPs) desempenham um papel crucial, sendo utilizadas por governos, corporações e grupos de interesse para moldar a realidade política e social.
Exemplo: Antes de uma disputa judicial, ou uma batalha nos tribunais (Lawfare), um Ator (pessoa ou organização) contrata Jornalistas ou grupos de mídia para publicar matérias jornalísticas favoráveis à sua causa e contrárias à parte adversária, como que “preparando o terreno” para influenciar a opinião pública ou mesmo a decisão de juízes.
Exemplo 2: Assessores de imprensa por meio de um Porta-voz dá sua versão a um fato ou desastre para mitigar os danos de um evento provocado por ação ou omissão de uma corporação.
Em nível de governos e da inteligência de Estado essas ações midiáticas são chamadas de “soft power”, um conceito popularizado por Joseph Nye, refere-se à capacidade de influenciar sem o uso da força, empregando mecanismos como a cultura, a mídia e a diplomacia pública.
No entanto, quando articulado de forma estratégica por serviços de inteligência e grupos de poder, o soft power pode se tornar uma arma eficaz para derrubar governos, deslegitimar lideranças e até influenciar decisões judiciais.
Este artigo explora como a manipulação narrativa pode transformar o equilíbrio de poder em uma nação, com foco na polarização política no Brasil e na alegada investigação conduzida por Donald Trump para favorecer Elon Musk.
2. Soft Power e a Guerra de Narrativas
O conceito de guerra de narrativas refere-se à disputa pelo controle da percepção pública. Essa batalha é travada através de campanhas de desinformação, censura seletiva, influência midiática (leia-se compra de opinião e direcionamento do editorial) e utilização estratégica de redes sociais.
Governos e grupos de poder utilizam essas ferramentas para legitimar ou deslegitimar líderes políticos, influenciar eleições e até modificar sistemas jurídicos.
A psicologia social e a comunicação de massa são elementos fundamentais para a eficácia dessas operações. Técnicas como o efeito de framing (moldagem da informação), priming (preparação da audiência para aceitar certas ideias) e agenda-setting (determinação do que será discutido publicamente) são amplamente empregadas para consolidar narrativas dominantes. Os maiores expoentes disso foram o Ministro da Propaganda nazista Joseph Goebeels e Edward Bernays (1891–1995), sobrinho de Freud considerado o pai das relações públicas, Bernays aplicou conceitos da psicanálise à manipulação da opinião pública, desenvolvendo técnicas que influenciaram campanhas políticas, publicidade e propaganda governamental. Em seu livro Propaganda (1928), ele defendeu a ideia de que as massas podem ser direcionadas por uma elite especializada no uso da comunicação persuasiva.
Bernays cunhou o termo engineering of consent (“engenharia do consentimento”), destacando o papel das relações públicas na manutenção do poder. Bernays trabalhou em campanhas icônicas, como a promoção do cigarro para mulheres nos EUA ao associá-lo à emancipação feminina (as “Tochas da Liberdade”), na aquisição de flúor por governos para colocar na água potável para “diminuir as cáries” (ele estava a serviço da indústria bélica com problemas de descarte sustentável do flúor na natureza) e na popularização do consumo de bacon no café da manhã (Fonte: MONTALVÃO, Marcelo Carvalho de; Atividade de Inteligência: Inteligência de Estado e Inteligência Militar Clássicas. Capítulo 21 Propaganda e operações psico-informativas. Amazon, 2014).
Também atuou para governos e corporações, ajudando a moldar a percepção pública sobre diversos temas. Seu trabalho influenciou propaganda política, estratégias de guerra psicológica e até campanhas de desinformação, tornando-o uma referência no estudo da manipulação midiática e da guerra de narrativas. Outros exemplos notórios de soft power incluem campanhas de influência russa e chinesa em eleições ocidentais, guerra híbrida no Leste Europeu e o controle informacional exercido pelas Big Techs, uma delas a “X” de Elon Musk.
3. O Caso Donald Trump e Elon Musk: Disputa de Poder ou Inteligência de Estado?
Em março de 2024, surgiram rumores de que Donald Trump, na época ex-presidente dos Estados Unidos, teria encomendado uma investigação sobre Elon Musk. Embora os detalhes permaneçam obscuros, especula-se que a motivação seria o crescente poder de Musk, que, através da SpaceX, Tesla e da aquisição do Twitter (agora X), tornou-se um dos indivíduos mais influentes do mundo. Musk representa um desafio ao status quo político e midiático, especialmente por sua postura crítica em relação à censura e às políticas governamentais progressistas. Seu controle sobre a comunicação digital o torna um alvo estratégico para operações psicológicas destinadas a minar sua credibilidade ou neutralizar sua influência.
Se confirmada, a investigação de Trump sobre Musk indicaria uma guerra interna dentro do establishment político e corporativo dos EUA, evidenciando como o soft power e as operações de inteligência são utilizados até mesmo entre aliados políticos para garantir a manutenção do poder.
Eleito Presidente dos EUA, Donald Trump revelou ter notado o conceito moral (reputação) e o conceito profissional (capacidade) de Elon Musk ao trazê-lo para dentro do governo, não como um fornecedor de foguetes para a NASA, mas, como Chefe do Departamento de “Eficiência Governamental”.
4. Brasil: A Disputa de Narrativas e a Influência sobre a Justiça
A guerra de narrativas no Brasil é um dos exemplos mais claros de como o soft power pode ser utilizado para moldar a percepção pública e interferir na governança.
Três figuras centrais ilustram esse fenômeno: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio “Lula” da Silva e Alexandre de Moraes.
4.1. Jair Bolsonaro e a Demonização da Direita
Desde sua ascensão política, Jair Bolsonaro foi alvo de campanhas que o associavam ao autoritarismo e ao extremismo. A narrativa construída em torno de sua figura procurava deslegitimá-lo como um líder democrático, atribuindo-lhe responsabilidade por crises institucionais e pela polarização nacional. Suas falas e comentários em favor da ditadura e líderes militares do regime antidemocrático de 1964-1985 suspeitos de tortura e outros crimes contra a humanidade apenas reforçaram essas narrativas.
A mídia tradicional e as Big Techs desempenharam um papel fundamental na moldagem dessa percepção, impondo censura seletiva e promovendo narrativas que enfatizavam negativamente sua administração. Mas, assim como as empresas de mídia, as Big Techs e o capital em geral se associa ao governo da vez em troca de vantagens fiscais, econômicas e políticas. São Empresários que mudam de opinião conforme a alteração de poder.
4.2. Lula e a Reabilitação de Imagem
Por outro lado, a trajetória do Presidente Lula ilustra como uma narrativa pode ser reconstruída para favorecer determinados interesses. Após ter sido condenado e preso por corrupção, Lula foi solto após seu processo criminal ter sido anulado para começar tudo de novo e reabilitado politicamente por decisão de um Ministro da suprema corte após decisões monocráticas e colegiadas de aproximadamente 7 magistrados de 3 instâncias (!).
A cobertura midiática e a atuação de organizações internacionais ajudaram a reposicionar sua imagem, consolidando a narrativa de que ele teria sido vítima de uma perseguição política.
Esse processo evidencia como o soft power pode ser utilizado para reformular a percepção pública sobre lideranças, independentemente dos fatos concretos.
4.3. Alexandre de Moraes e a Consolidação do Poder Judiciário
O ministro Alexandre de Moraes tornou-se um dos personagens mais controversos do cenário político brasileiro. Suas decisões sobre censura, desmonetização de opositores e a imposição de sanções judiciais a críticos das decisões políticos da Corte Constitucional do Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF), demonstram como o Poder Judiciário pode ser um agente ativo na guerra de narrativas.
E decisões políticas.
É um tribunal político, afinal, seus componentes são indicados pelo Presidente da República, aprovados de modo meramente formal pelo Senado Federal, e são chamados “Ministros”, não juízes.
A concentração de poder no STF, aliada à ausência de freios institucionais, cria um cenário em que a justiça pode ser instrumentalizada para consolidar determinadas agendas políticas. Isso reforça a tese de que o soft power não se limita ao campo eleitoral, mas se estende ao próprio funcionamento das instituições.
Recentemente, Deputados americanos Rich McCormick (Geórgia) e María Elvira Salazar (Flórida) pediram ao Presidente Donald Trump e ao Secretário de Estado Marco Rubio a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, incluindo-o na lista de pessoas “sancionadas” por censura, violação de direitos humanos e atentados contra o Estado Democrático de Direito.
Na prática, isso significaria dificuldades em ter contas bancárias, cartões de crédito e contas em fintechs ou mesmo Big Techs americanas ou mesmo de empresas nacionais com ações nas Bolsas de Valores dos EUA. Essas sanções também são chamadas “assassinato financeiro”.
Em sua carta de 25 de fevereiro de 2025, o Deputado McCormick afirmou em seu perfil na rede social X que Alexandre de Moraes “transformou o Judiciário do país em uma arma para esmagar a oposição, proteger o presidente Lula e manipular a eleição de 2026 antes mesmo que um único voto seja computado” (Fonte: Jornais O Globo e Gazeta do Povo).
Se essas sanções são potenciais ou mera ameaça institucional do império estadunidense contra lideranças brasileiras somente o tempo dirá, o fato é que Alexandre de Moraes demonstra preocupação ao retroceder em suas decisões judiciais, concedendo prisão domiciliar a condenados por atos terroristas e atos golpistas do “8 de Janeiro” ao mesmo tempo em que a mídia americana no Brasil já começa a substituir a expressão “golpista” para se referir aos condenados judicialmente por expressões que remetem ao seu cargo ou função como “Cabeleireira”, “Mecânico” etc., em clara operação psicológica para abrandamento dos crimes e das pessoas dos condenados ou para minar a reputação de quem os condenou.
4.4. Trump e Rumble versus Moraes é outra frente de batalha
Como se não bastassem as sanções políticas dos EUA, o Trump Media & Technology Group (TMTG) de Donald Trump e a Rumble Incentraram com uma ação judicial contra Alexandre de Moraes no tribunal federal de Tampa, no estado da Flórida, em 22 de fevereiro de 2025, para não serem obrigados a cumprir as decisões do Ministro do STF, que um dia antes havia determinado bloquear a Rumble, sob pena de a rede social pagar multas de R$ 50 mil por dia, e ainda a obrigou a ter um representante legal no Brasil.
As decisões contra a Rumble e a “X” (antigo Twitter) são consequência das tentativas de prisão e extradição do Jornalista e Ativista Allan dos Santos, foragido desde 2021 e refugiado nos EUA após acusações de integrar uma organização criminosa do tipo “milícia digital” bolsonarista e de propagar fake news. Allan dos Santos utilizava justamente esses meios de comunicação americanos para difamar Alexandre de Mares.
Portanto, o governo dos EUA avança contra Alexandre de Moraes em duas frentes de batalha, uma governamental baseada na Lei Magnitsky e outra uma batalha judicial (“lawfare”) baseada na Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Fonte: BBC News Brasil, Portal G1 (O Globo) e Court Listener (by Free.Law)
Conclusão
A guerra de narrativas é um elemento central da política contemporânea, sendo utilizada para derrubar governos, influenciar eleições e alterar sistemas jurídicos.
As Operações Psicológicas e o soft power não apenas moldam a percepção pública, mas também definem os rumos de nações inteiras.
Os casos analisados demonstram que líderes políticos, corporações e instituições judiciais estão envolvidos em disputas narrativas que transcendem os limites do debate democrático.
Seja nos EUA, com a suposta avaliação de Elon Musk por Donaldo Trump, seja no Brasil, com a polarização entre Bolsonaro versus Lula e Alexandre de Moraes, fica evidente que a manipulação informacional é a nova forma de guerra política no século XXI. O estudo dessas operações é essencial para compreender a dinâmica do poder global e para desenvolver mecanismos que garantam a transparência e a soberania das nações diante dessa nova realidade.
Referências
Deputados republicanos enviam carta a Trump cobrando sanções contra Moraes: “Ameaça crescente aos EUA”
Quem são os deputados dos EUA que pediram a Trump a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes
Empresa de Trump e Rumble entram com nova ação contra Alexandre de Moraes na Justiça dos EUA
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cyvep11qd6po.amp
Foragido no Brasil, Allan dos Santos vive nos Estados Unidos; entenda
Elon Musk fez visita à agência de espionagem dos EUA
Proibição da plataforma X de Elon Musk é mantida pelo Supremo Tribunal Federal
https://www.aljazeera.com/news/2024/9/2/ban-on-elon-musks-x-platform-upheld-by-brazil-supreme-court
Trump diz que Elon Musk não receberá informações sobre os planos de guerra do Pentágono contra a China
https://www.wsj.com/politics/national-security/elon-musk-pentagon-china-us-meeting-922eafdf
Como a Montax Inteligência realiza suas pesquisas
Montax realiza seus trabalhos de Consultoria de risco, Inteligência financeira e Investigações corporativas e patrimoniais mediante consultas em cartórios, agências de governos, diários oficiais e imprensa com base na Lei de Acesso à Informação, realiza diligências investigatórias (investigação defensiva) com base no Provimento OAB 188/2018 e no dever de devida diligência (due diligence) da Lei Anticorrupção, Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, Recomendação Gafi/FATF 10, Circular Bacen 3978/2020 e Resolução CVM 50/2021.
Nos casos de rastreamento e recuperação de ativos, somos orientados pelo Roteiro de Atuação: Persecução Patrimonial e Administração de Bens – Ministério Público Federal (2017) e os Analistas da Montax utilizam manuais especiais como o Briefing SPQR®, nosso roteiro de inteligência financeira e investigações patrimoniais e, se for uma dívida judicial de baixo valor econômico que não justificaria uma investigação, sugerimos o que chamamos Método de Cobrança Eficaz Inteligência & Força Bruta de busca de bens do devedor na Justiça.
FIM
Palavras-chave:
Soft Power – Operações Psicológicas – Mídia – Narrativas – Guerra de Narrativas – Batalha Judicial – Lawfare – Inteligência – Fraude a Credores – Fraude à Execução – Compliance Antilavagem de Dinheiro – Esquema Ponzi – Pirâmides Financeiras – Fraude – Investimentos – Falsa Corretora de Valores – Esquema Boiler Room – Relatório de Compliance Fiscal – Relatório de Inteligência Financeira – Inteligência Financeira – Roteiro de Inteligência Financeira – Investigações Corporativas – Manual de Investigações Corporativas – Investigações Internas – Compliance – Devida Diligência – Due Diligence – Recuperação de Ativos – Recuperação de Créditos – Busca de Bens – Pesquisa de Bens – Bens do Devedor – Lei 7492/1996 – Carta-Circular Coaf 1/2014 – Recomendação Gafi-FATF 10 – Circular Bacen 3978/2020 – Resolução CVM 50/2021 – Lei 14478/2022 – Departamentos Jurídicos – Diretores Jurídicos – Escritórios de Advocacia – Advogados – Bancos – Instituições Financeiras – Empresas de Gestão de Ativos – Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) – Non-Performing Loan (NPL) – Cooperativas de Crédito – Recuperadoras de Ativos.
SOBRE O AUTOR

Marcelo Carvalho de Montalvão é Advogado criminalista especialista em Direito Penal Econômico e investigação de crimes financeiros e diretor da Montax Inteligência, franquia de Inteligência Financeira & Investigações Corporativas para a Recuperação de Ativos, Consultoria de Risco, Compliance e Due Diligence com sede no Rio de Janeiro-RJ que já auxiliou centenas de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de corporações como The Coca-Cola Company (Atlanta), Petrobras S/A, PSA Group (Peugeot Citroën), Claro S/A, LG Eletronics, Kellog, Sonangol Oil & Gas, Chinatex Grains and Oils, Generali Seguros, Korea Trade Insurance Corporation (K-Sure), Estre Ambiental, Localiza Rent A Car, Cyrela, Sara Lee, Tereos, Todeschini, Magneti Marelli, Banco Pan, BTG Patual, Banco Alfa, Banco Daycoval, W3 Engenharia, Geowellex, Quantageo News Technologies e muitas outras marcas.
Autor do livro Inteligência & Indústria – Espionagem e Contraespionagem Corporativa.
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